quinta-feira, 11 de novembro de 2010

UMA IDEIA

O VERDADEIRO DESENVOLVIMENTO PARA A POPULAÇAO




           Falar em desenvolvimento pode a princípio ser uma tarefa fácil, porém, antes de continuar nessa tarefa, é necessário decidir a qual desenvolvimento estamos nos referindo, pois, segundo o dicionário AURÉLIO a palavra desenvolvimento significa; ato, processo ou efeito de desenvolver( -Se ). 2. Crescimento, progresso. Ficando claro que a idéia central da palavra desenvolvimento esta atrelada a crescimento, é comum ouvirmos das pessoas que cidade tal se desenvolveu; porque têm muitas indústrias, bastantes lojas, muitos carros e aumentou o seu PIB , mas não se questiona se todos tiveram acesso a todo esse desenvolvimento, por isso a necessidade de se debater sobre o verdadeiro desenvolvimento para a população.

       Mas é o professor da universidade federal do rio de janeiro Marcelo Lopes de Souza, que têm inúmeros trabalhos publicados na questão relacionada a pergunta: se desenvolvimento traz consigo qualidade de vida para a população inserida no local em que o mesmo ocorreu? Que traz uma grande contribuição para o debate sobre o verdadeiro desenvolvimento para a população.

          Para Souza(2000)desenvolvimento é quase sempre confundido com desenvolvimento econômico onde o que é importante é a capacidade de um país ou localidade produzir bens de capitais em detrimento de uma mudança para melhor das condições de sobrevivência da população ou seja uma melhoria na qualidade de vida da população local. Para ele desde a década de 50(2003) há uma preocupação com o desenvolvimento, porém, este é entendido como desenvolvimento econômico que visa somente à expansão dos lucros de uma elite, enquanto uma minoria vive a margem desse desenvolvimento, nas palavras do autor:


          O desenvolvimento, enquanto fenômeno social e entendido como um processo de mudança para melhor, pode ter seu conteúdo definido mediante metas como “melhoria da qualidade de vida”, “redução de iniqüidade”, “promoção do bem comum” ou outras, mas não simplesmente por meio de objetivo instrumentais como “crescer a uma taxa de 8% ao ano ou” diversificar o parque industrial. No entanto, sob a guarita de uma ideologia do desenvolvimento, (negrito do autor) ainda hoje hegemônica, privilegia-se, na conceituarão de desenvolvimento, exatamente sua dimensão econômica, levando a que se entronize um conceito que se define antes pelos meios, mediante os quais se pode aprimorar o modelo social capitalista, do que pelos fins que, de um ponto de vista social geral, deveriam nortear e dar continuidade à expressão mudança para melhor.(SOUZA, 2000, p19).


           O desenvolvimento da cidade ou desenvolvimento urbano também sofre a influência desse equivoco no qual há confusão do termo desenvolvimento sócio-espacial com desenvolvimento econômico, porém esse desenvolvimento econômico no meio urbano traz enormes problemas para a sua população, pois, ela fica a mercê da divisão das riquezas e sofre os maiores prejuízos que vão desde a ocupar as piores áreas no meio urbano, sofrer com a poluição e finalmente ser excluída do seu direito de ser tratada como um cidadão de direitos e deveres.

           Novamente quando se pensa em desenvolvimento, no caso da cidade; em desenvolvimento urbano(souza,2003), vem logo a idéia de um crescimento da cidade tanto horizontal como vertical, aumento do número de locais de lazer, a presença de shopping, grande presença crescente de indústrias e finalmente um aumento constante do PIB da cidade. Porém, segundo Souza(2003), esse crescimento da cidade, não significa o verdadeiro desenvolvimento urbano para a população, vejamos como ele argumenta:

         Só que... essa cidade é a mesma cidade onde o número de favelas aumenta vertiginosamente, onde as tensões recrudescem, onde a incorporação de novas áreas se deu, em grande parte, deixando um saldo ambiental negativo (destruição de manguezais, desmatamentos, aterros de lagunas...), onde a poluição (do ar, sonora, visual e hídrica ) vai se tornando, a cada dia, menos suportável, onde a renda está cada vez mais concentrada...(SOUZA,2003,p94 )

      Mas será que possamos sonhar que podia ser diferente, será que o atual pensamento da sociedade em sempre busca o lucro em detrimento de quem vive em condições precárias no sítio urbano. É possível que um dia os detentores do dinheiro e quem tem o poder de decisão lutarão para que se consolide um política privilegiadora do desenvolvimento urbano(Souza, 2003),aniquiladora das desigualdades sociais, uma política que garanta ao morador da cidade o direito a uma moradia digna, acesso a uma educação de qualidade inquestionável, uma saúde de acesso a todos, transporte acessível e de qualidade, liberdade de pensamento e de manifestar e adiquirir cultura e outros direitos pertencente ao cidadão, olhando ao nosso redor e realizando um trabalho histórico da sociedade podemos responder negativamente a essa questão, pois, a atual sociedade, que pode ser caracterizada como capitalista tem como principal ideal a luta incessante pelo lucro e a concentração de renda. E é novamente Souza (2003) que nos traz um argumento pertinente:

            Em uma sociedade capitalista, muito principalmente em uma país periférico ou semiperiférico, a riqueza material e cultural gerada é apropriada muito seletivamente, os impactos ambientais são de difícil domesticação e resultam de uma necessidade de produzir cada vez mais ( pois, sob o capitalismo, o crescimento econômico é um imperativo, e não crescer é, a longo prazo, fatal, para empresas assim para como para os países ) e a diversidade cultural e sócio-espacial é, com freqüência, vista antes como um estorvo pelas elites econômicas do que como um bem a preservar ( afinal, a diversidade cultural pode ser um obstáculo para a difusão de gostos padronizados, e a preservação da beleza cênica, da natureza e do patrimônio-arquitetônico, que pode ser considerada como útil para os interesses do próprio capital imobiliário no longo, pode ser um simples detalhe a ser conveniente ignorado no curto prazo).(Souza,2003,p94 )

             Se é difícil chegar a um verdadeiro desenvolvimento urbano(Souza, 2003), temos que ter em mente que o primeiro passo é gerar um debate em cima do problema em considerar somente o desenvolvimento econômico que consolida somente o lucro e a concentração de renda de uma elite. O debate não pode ser contra ao desenvolvimento econômico

COMANDANTE: VALDERRAMA

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